COLECIONADOR DE NADA seguido de ODE FLORESTAL, sexto livro de poemas de Sandro Ornellas, fecha um ciclo iniciado em 2019, com cinco títulos lançados em seis anos. São livros que giram de maneira crítica em torno da desorientação subjetiva, vertigem coletiva, formas de violência, melancolia e ruínas que se instalaram aos poucos no Brasil e no mundo, na segunda década do século. Neles, o poeta não abre mão da ironia, do lirismo e da vivacidade.
COLECIONADOR DE NADA traz uma coleção de 25 poemas que reelaboram experiências contemporâneas, como o automatismo das manchetes e notícias (em “Digital clipping”), a vida político-cultural (“Superquadras brasileiras”) e o luto interditado de tantas perdas na pandemia. Sem dispensar a inventividade e emoção, sua poesia é feita principalmente de imagens combinadas com ritmos irônicos e reflexivos.
Com 70 páginas, o livro fecha com ODE FLORESTAL, um canto/grito atualíssimo e uma experiência de “tradução” de partes da “Ode marítima”, poema que Fernando Pessoa escreveu há 100 anos e que Sandro reinterpreta para nosso tempo e cultura, tanto pela escolha das palavras como dos temas, todavia mantendo a estrutura discursiva, estrófica, rítmica e sintática do poema original. O efeito é vertiginoso e cativante.